quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Neuropsicologia

A neuropsicologia é a ciência que estuda a relação entre o cérebro e o comportamento humano (Luria, 1981). Talvez essa seja a definição mais explorada pela maioria dos autores e possivelmente a que mais represente o que vem a ser esse campo de estudo. Em seu surgimento os estudos eram focados nas conseqüências comportamentais causadas pelas lesões cerebrais específicas, entretanto, hoje a neuropsicologia busca investigar as funções cerebrais superiores inferidas a partir do comportamento cognitivo, sensorial, motor, emocional e social do sujeito (Costa et al, 2004).
A neuropsicologia também pode ser descrida como a análise sistemática dos distúrbios de comportamento, que se seguem a alterações da atividade cerebral normal, causadas por doenças, lesões ou malformações (Lezak, 1995).
Costa et al (2004) afirma que é a partir do conhecimento do desenvolvimento e funcionamento normal do cérebro que se pode compreender alterações cerebrais, como no caso de disfunções cognitivas e do comportamento resultante de lesões, doenças ou desenvolvimento anormal do cérebro. Dessa forma, mostra-se que a neuropsicologia busca localizar as lesões cerebrais, responsáveis pelos distúrbios específicos de comportamento e permitir uma melhor compreensão das funções psicológicas complexas (Lefréve, 1989).
Como área específica de estudo, a neuropsicologia tem um desenvolvimento relativamente recente, embora sua fundamentação científica seja resultante de várias décadas de conhecimento e investigação conforme (Kristensen, Almeida & Gomes, 2001). Entretanto, o reconhecimento formal no Brasil veio somente em 2004, com a resolução do Conselho Federal de Psicologia que passou a regulamentar a especialidade da Neuropsicologia aos psicólogos. Essa resolução (02/2004) traz que o objetivo teórico da neuropsicologia é a ampliação dos modelos já conhecidos e a criação de novas hipóteses sobre as interações cérebro-comportamentais.
Referências:
Costa, D. I., Azambuja, L. S., Portuguez, M. W. et al. (2004), Avaliação neuropsicológica da criança. Jornal de Pediatria, 80 (4), p.111-116.
Kristensen, C. H.; Almeida, R. M. M.; Gomes, W. B. (2001). Desenvolvimento histórico e fundamentos metodológicos da neuropsicologia cognitiva. Psicologia Reflexão e Crítica, 14 (02), 259-274.
Lefévre, B. H. (1989). Neuropsicologia infantil. São Paulo: Sarvier.
Luria, A.R., (1981), Fundamentos de Neuropsicologia, São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Ciência Cognitiva


Ciência cognitiva é o estudo interdisciplinar da mente e da inteligência, abrangendo áreas como a psicologia, inteligência artificial, neurociência, lingüística, filosofia e antropologia (hexagono cognitivo). Suas origens intelectuais datam dos meados da década de 50 quando investigadores em vários campos começaram a desenvolver teorias de mente baseados em representações complexas e simulações computacionais. Na década de 70, organizações começaram a se mobilizar, formando a Sociedade de Ciência Cognitiva e o Cognitive Science Journal. Desde então, mais de sessenta universidades nos EUA e na Europa estabeleceram programas de ciência cognitiva e muitas outras instituíram cursos em ciência cognitiva. Tentativas para se entender a mente e seu funcionamento iniciaram, pelo que se tem notícia, com os gregos antigos, quando os filósofos Platão e Aristóteles tentaram explicar a natureza do conhecimento humano. O estudo da mente permaneceu no campo da filosofia até o século 19, ocasião em que a psicologia experimental desenvolveu-se. Wilhelm Wundt, médico alemão, foi sua maior expressão. Wundt considerava mente e corpo sistemas distintos e independentes, podendo-se estudá-los por métodos de laboratório. Em poucas décadas, porém, a psicologia experimental foi dominada pelo behaviorismo, a escola que virtualmente negou a existência de mente. De acordo com behavioristas como J. B. Watson, seu fundador, a psicologia deveria se restringir a examinar a relação entre estímulos observávéis e respostas de comportamento. Questões relacionadas a consciência e representações mentais foram banidas das discussões científicas. Especialmente nos EUA, o behaviorismo prevaleceu na década de 50. Por volta de 1956, o cenário intelectual começou a mudar dramaticamente. George Miller, considerado um dos criadores da ciência cognitiva moderna, em numerosos estudos mostrou que a capacidade de pensamento humano é limitada. Ele estabeleceu que a consciência pode manejar sete mais ou menos dois "segmentos" de informação ao mesmo tempo. Nessa época, pesquisadores John McCarthy, Marvin Minsky, Allen Newell, e Herbert Simon estavam fundando o campo da inteligência artificial. Com a união do modelo matemático de MacCulloc e Pitts (1943) e da teoria de aprendizado de Donald Hebb (1949), foi possível nos anos 50 a criação do modelo de rede neural artificial chamado Perceptron. Na década de 30, com os trabalhos de Turing já se mostrava a possível natureza computacional dos processos mentais. Nos anos 50, com a construção de programas de computadores capazes de provar teoremas matemáticos, a escola behaviorista foi cada vez mais sendo negada, dando lugar a uma nova teoria geral da mente, a chamada ciência cognitiva. A ciência cognitiva compreende a unificação de diversas teorias, embora haja peculiaridades de métodos de experimentação entre investigadores nos diversos campos que se prestam a estudar mente e inteligência:

1. a psicologia, uma vez que estuda a simbologia mental, a cognição e os processos psicológicos básicos (memória, atenção, aprendizagem, percepção e etc);

2. a lingüística, porque estuda os processos responsáveis pelo fenômeno da linguagem;

3. as neurociências, cujo domínio de estudo é o cérebro, órgão responsável pelo processamento sensorio-motor em sistemas biológicos;

4. a antropologia, porque estuda a ontologia humana;

5. a filosofia, domínio da lógica e da teoria do conhecimento;

6. a inteligência artificial, porque estuda a criação de autômatos.

Sejam Bem-Vindos

Neurociências



O presente blog se constituí em um espaço de estudos e aprofundamentos dentro da área da neuropsicologia cognitiva e demais vertentes das neurociências. Além disso, vinculado a ele está o projeto de pesquisa: Avaliação das Funções Psicolinguísticas, Visuoespaciais e Comportamentais em Crianças de 4 a 8 anos na cidade de Santo Antônio de Jesus-BA, projeto do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Desde já agradecemos a todos a presença neste espaço.